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O que o Big Brother te ensina sobre os negócios dos nossos tempos

Observar a interação entre as pessoas e atuar ativamente sobre elas são pontos fundamentais para transformar as relações e engajar a equipe para um novo modelo de gestão. Vem que te explico como


Por Luciano Mantelli*


Tu pode ser da equipe “eu amo” ou da “eu odeio”, mas não pode negar que o Big Brother Brasil é uma baita oportunidade de analisar como se dão as interações humanas. Dentro de uma casa sem acesso ao mundo exterior se concentram pessoas com personalidades, vivências e comportamentos distintos, até mesmo opostos. Ali a possibilidade de surgirem tanto paixões quanto conflitos é igual, já que não há qualquer controle desse ambiente.





O mesmo acontece em muitos negócios. Afinal, dentro das empresas também estão pessoas diferentes, que se unem pelos mais variados motivos: oportunidades de carreira, compatibilidade de propósitos ou mesmo porque os boletos vencem todo mês - e essa é uma razão mais que justa. Assim como no Big Brother, se não houver qualquer “controle” sobre o ambiente, a chance de surgirem paixões e conflitos é a mesma.


Escrevo “controle” assim, entre aspas, porque não quero dizer aquele controle e comando que estamos acostumados a ver por aí nas empresas, aquele em que a liderança está sempre em cima das equipes, como no Big Brother que inspirou o reality show.


Pausa


Para quem não leu o clássico “1984”, de George Orwell, vale a contextualização: o romance distópico publicado em 1949 ganhou fama por tratar do totalitarismo, um dos grandes problemas contemporâneos da humanidade. Na obra, o Grande Irmão (ou Big Brother, no original britânico) vigia cada um dos habitantes da fictícia Oceânia por grandes telas instaladas até mesmo dentro das casas das pessoas. O objetivo: impedir que eles saiam da linha imposta pelo governo.


Fim da pausa.


Tem muita empresa por aí que ainda funciona no esquema Big Brother. E o que mais acontece nelas são pequenas revoluções: um turnover alto, uma pessoa brilhante que pede demissão depois de pouco tempo, aquela profissional que não se engaja naquele grande projeto de inovação, e por aí vai. Isso porque quando não se está atento às interações humanas no ambiente de trabalho, dificilmente as pessoas se engajam naquilo que fazem. Elas apenas fazem por fazer, sem enxergar qualquer propósito - quanto mais a possibilidade de resolver um problema do nosso mundo.


Quando essa situação se estabelece, o negócio não se transforma, não cresce, não ganha escala. Aí muitas lideranças tendem a pensar que o problema pode ser resolvido implantando a melhor metodologia administrativa do mercado, ou adquirindo aquela tecnologia que é hype do momento. Só que elas seguem sem reparar que as lideranças são todas masculinas, que as mulheres ganham menos que os homens, que não há pessoas negras, com deficiência ou LGBTs na equipe, que o clima geral da empresa é de medo, que é obrigatório vestir gravata e usar salto alto na empresa. E a lista segue.


O paredão dos negócios


Chegou a hora, então, de colocar o teu modelo de gestão no paredão. De dar a oportunidade às pessoas de desenvolver contigo um modelo que respeita a diversidade e, mais que isso, que a abraça como um ponto fundamental para os negócios dos nossos tempos. O motivo é simples: nesse modelo, as pessoas têm voz. É como se cada uma entrasse no confessionário e pudesse dizer aquilo que pensa sabendo que o que está sendo dito, de fato, importa. Esse respeito traz a sensação de pertencimento e de sentido que a gente busca todos os dias ao acordar da cama. E transforma os dias em sábados, algo que a gente gosta muito de fazer aqui na FOURGE.


Se tu pensa que é complexo demais fazer essa transformação, comece com pequenas atitudes diárias. Que tal, ao invés de perguntar sobre os indicadores logo no início da manhã, fazer aquela pergunta sobre a prova do líder do BBB? Ou chamar a galera pra almoçar contigo no restaurante da esquina? Ou, ainda, comentar sobre aquele filme incrível que tu viu no fim de semana?


Que tal, depois disso, dar uma chance pra candidata grávida, ou fazer um crachá com o nome social da recepcionista trans, talvez até mesmo criar rituais para a apresentação de resultados e reconhecer publicamente quem mandou bem naquela semana?


Todas essas atitudes são parte de uma transformação cultural que favorece um modelo de gestão para os novos tempos que estamos vivendo. Tempos em que é preciso resolver problemas complexos no mundo, e não apenas pensar em lucro acima de tudo.


Se nada disso for feito, o teu negócio corre o risco de se tornar um Big Brother - o do livro ou o da TV, tu escolhe. Mas, no fim das contas, nenhum deles vai trazer os resultados que tu espera pra ti e pra sociedade em que a gente vive.


*Luciano Luis Mantelli nasceu no berço da agricultura familiar do Rio Grande do Sul, é pai, esposo, multiempreendedor e hacker. Atua em três frentes de negócio: a FOURGE, onde hackeia modelos de gestão, a Zhero, especializada em colocar a ciência de dados no centro dos negócios, e a Escola Hub, com foco em educar crianças para melhorar o mundo. Descrição da imagem: foto bem próxima de uma lente de câmera. #transformacaocultural #treinarequipe

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