Tecnologia e preocupação com o autocuidado são legados do período, mas ainda é preciso avançar em busca de novos modelos de negócio que resolvem os problemas reais do setor
Em pouco mais de dois anos de pandemia da Covid-19, você provavelmente já ouviu falar que o uso de novas tecnologias na Saúde avançou - mesmo que à força. Nesta data em que se comemora o Dia Mundial da Saúde (7 de abril), trazemos números para provar: um estudo da International Data Corporation (IDC) informou que o investimento em tecnologias no setor na América Latina deve atingir US$ 1.931 milhões até o fim deste ano, o equivalente a cerca de R$ 10 bilhões.
Esses recursos não estão concentrados somente nas empresas tradicionais, mas também nas startups, ou healthtechs como são conhecidas pelo setor. E vamos de mais números para provar essa realidade: de acordo com o Distrito Healthtech Tech Report 2020, entre 2018 e 2020 o número de startups especializadas em saúde aumentou 118% no Brasil, sendo que 50% têm menos de cinco anos. No total, havia 542 healthtechs ativas em 2020 - número que, com certeza, só cresceu de lá para cá.
Ok, a tecnologia avançou. Mas e a transformação da Saúde, ela aconteceu mesmo?
Luciano Mantelli, hacker e fundador da FOURGE, é cauteloso nesse sentido. Ele relata que há dois grandes legados do uso de tecnologia na pandemia. O primeiro é a telemedicina, que foi a grande resposta para garantir a assistência durante o isolamento social necessário para conter o avanço do vírus. Para se ter uma ideia, uma pesquisa do G2 Learning Hub aponta que o formato remoto de assistência cresceu 372% entre março de 2020 e setembro de 2021 em todo o mundo. No Brasil, onde a modalidade de teleconsulta foi regulamentada de forma emergencial após o anúncio da pandemia, essa foi a principal forma de garantir acesso aos serviços de Saúde.
O segundo legado foi o autocuidado. Houve por parte das pessoas uma tomada de consciência geral sobre a necessidade de cuidar da prõpria saúde de forma integral, levando em consideração diversos aspectos do corpo que vão além das paredes de um hospital. As pessoas começaram a prestar mais atenção na prática de exercícios físicos, na alimentação saudável e, principalmente, na manutenção da saúde mental. E passaram, também, a exigir isso dos seus serviços de Saúde.
E agora, como o mercado atende a esse anseio? A resposta: transformando o seu modelo de negócio. Mas isso não foi o que aconteceu na pandemia.
Luciano lembra que o princípio da transformação de um modelo de negócio não é fazer a mesma coisa que se fazia antes usando a tecnologia, embora, em geral, haja ganhos nessa equação. A transformação acontece quando se usa a tecnologia para criar novas formas de se fazer as coisas. “O que houve na Saúde durante a pandemia foi que ela tinha uma dor principal, que era a questão do acesso e da triagem de pacientes. E foi sobre essa dor que as soluções, principalmente as das startups, se focaram, sem olhar para os problemas reais da nossa sociedade que precisamos resolver”, enfatiza.
O hacker da FOURGE explica: enquanto o modelo assistencial seguir focado em tratar doenças, a qualidade de vida que as pessoas desejam ainda mais depois da pandemia dificilmente será alcançada. Para criar um novo modelo assistencial, é preciso uma mudança de mentalidade que parte de dentro para fora, colocando a pessoa e os problemas que ela quer e precisa resolver em primeiro lugar e desenhando uma jornada que faça sentido para ele. “Assim somos capazes de criar um futuro desejável para a Saúde no qual o propósito de cuidar de vidas está no centro dos negócios”, destaca Luciano.
É fato que a tecnologia é um grande facilitador desse processo, mas não é o único ponto que precisa avançar para chegarmos lá, como bem diz João Lobo Antunes no livro A Nova Medicina:
“Não sei o que nos espera, mas sei o que me preocupa: é que a medicina, empolgada pela ciência, seduzida pela tecnologia e atordoada pela burocracia, apague a sua face humana e ignore a individualidade única de cada pessoa que sofre. Pois embora se inventem cada vez mais modos de tratar, não se descobriu ainda a forma de aliviar o sofrimento sem empatia ou compaixão”.
Quer saber como a FOURGE pode te ajudar a transformar o seu modelo de negócio na Saúde? Vem conversar com a gente.
Descrição da imagem: card único em tons de branco, preto, verde-limão e vermelho, trazendo recortes com pessoas trabalhando em diferentes ambientes ligados à Saúde, com menção ao 7 de abril – Dia Mundial da Saúde. #mercadodasaude #laboratoriodefuturos
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