Preocupação com a saúde mental das pessoas cresce entre as lideranças, mas sem estratégia clara de transformação, corre-se o risco de ficar só no discurso
Começamos este conteúdo com um convite pra imaginar o seguinte diálogo:
Firma: Estamos preocupados com a saúde mental das pessoas da nossa equipe e queremos melhorar.
Galera: Que tal equilibrar melhor as horas de trabalho e a vida pessoal?
Firma: Ah, não, isso a gente não quer, não. Assiste a esse webinar de saúde mental aqui que tá ótimo.
Ok, gente, isso é um meme que está rolando na internet. Embora seja uma brincadeira, várias pessoas que nos leem aqui podem ter vivenciado ou ainda vão vivenciar diálogos parecidos com este no ambiente de trabalho neste pós-pandemia. Afinal, a preocupação das lideranças com a saúde mental das equipes aumentou mesmo, e o impacto de transtornos como depressão e ansiedade (só pra citar dois exemplos) ficou ainda mais evidente na produtividade da galera durante o home office.
O tema da saúde mental no trabalho se tornou tão importante nos últimos tempos que, pela primeira vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que as lideranças passem por treinamentos para identificar ambientes de trabalho estressantes e profissionais em sofrimento. De acordo com um levantamento inédito feito pela OMS em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), pelo menos 15% das pessoas trabalhadoras do mundo convivem, em algum grau, com transtornos mentais. E esses transtornos podem até ser diferentes, mas costumam ter um resultado semelhante: afetam a autoestima, o prazer profissional e a própria capacidade de trabalho, reduzindo até mesmo as chances de se conseguir um emprego.
O estudo apontou ainda uma série de fatores nocivos para a saúde ligados ao ambiente de trabalho, tais como:
Excesso de demandas;
Baixa autonomia para tomar decisões;
Assédio moral;
E até mesmo o acesso limitado a itens como água potável, ar puro e boa gestão de resíduos.
A OMS passou, então, a considerar que ambientes de trabalho seguros e saudáveis são um direito fundamental. Mais do que isso: são capazes de melhorar a produtividade, diminuir conflitos internos e aumentar a retenção. No caso de pessoas com problemas de saúde mental, isso poderia até ajudar na recuperação, melhorando a autoestima e o "funcionamento social".
Com a preocupação crescente, é claro que surgiu um novo nicho de mercado. E dá-lhe empresas apostando em webinars, lives e uma lista de benefícios diferenciados que vão de planos de saúde com academia, profissionais de psicologia disponíveis 24 horas, vale-viagem e por aí vai. Ok, essas coisas até são legais, mas, como tudo em um negócio, sem uma estratégia clara que priorize a saúde mental da galera, dificilmente essa preocupação vai sair do discurso.
O que fazer, então, pra levar saúde mental pro ambiente do teu negócio?
Dá-lhe 8 dicas do Jeito FOURGE de fazer isso:
1- Analise o ambiente e as relações entre as pessoas. Se existem situações como um ambiente de vaidade, no qual se sabe quem é chefe pelo tom de voz, pela roupa ou porque essa pessoa tem a palavra final, já é um bom caminho pra identificar que ali a saúde mental da equipe pode não estar tão boa. O mesmo acontece quando falta sinergia e confiança entre as pessoas e sobra, por exemplo, medo de dizer algo ou mesmo de perder o emprego por conta disso.
2 - Estimule a transformação. O ideal é que o ambiente de trabalho seja mais horizontal, colaborativo e fértil, de forma a incentivar o surgimento das novas ideias tão necessárias para os negócios dos nossos tempos. Uma boa dica pra transformar o ambiente é criar rituais que incentivem as pessoas a participarem das decisões, sem medo de serem ignoradas ou mesmo punidas.
3 - Crie um canal para denúncias. Elas podem estar relacionadas a assédio moral, sexual ou mesmo a situações de competição exacerbada, intimidação, etc. Faça com que sejam devidamente apuradas e que a resposta seja visível para todas as pessoas do time.
4 - Torne a equipe mais diversa. Incentive a contratação de pessoas que sejam de grupos considerados minoritários e, mais que isso, garanta que elas sejam incluídas em um ambiente no qual elas possam ser quem são.
5 - Na medida do possível, livre-se de rótulos. Podem ser cerimônias, roupas, cargos, crachás, tudo aquilo que estimule a competição entre as equipes. Deixe claro quais são os papéis de cada pessoa e o que se espera delas para a entrega de um determinado resultado.
6 - Envolva as pessoas no propósito do negócio. Qual é o problema do mundo que só a tua equipe resolve? Faça as pessoas sentirem orgulho disso.
7 - Invista no desenvolvimento das lideranças. Elas são fundamentais para fazer com que haja acolhimento, valorização e espaço de confiança entre as equipes.
8 - Reduza os preconceitos sobre questões relacionadas à saúde mental. O que ainda acontece muito nos negócios de hoje são pessoas que precisam se afastar do trabalho por qualquer motivo relacionado à saúde mental e, quando retornam, são rotuladas, tratadas de forma diferente e até mesmo hostilizadas. Saúde mental é saúde e ponto.
E lembre-se: se quiser ajuda pra fazer toda essa transformação acontecer aí no teu ambiente de trabalho, conte com a gente!
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Descrição da imagem: card em tons de verde mostra a imagem em preto e branco de uma mão segurando uma bandeira branca, símbolo da paz. No destaque, o texto "8 dicas práticas para priorizar a saúde mental no ambiente de trabalho"
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