Inovação no setor agrícola brasileiro ainda esbarra em dificuldades como falta de infraestrutura e tecnologias que não se conectam. A boa notícia: é possível mudar essa realidade
O Rio Grande do Sul vivenciou em 2022 uma das piores secas dos últimos 70 anos, impactando mais de 200 mil pessoas produtoras rurais. Em Minas Gerais, as chuvas causaram perdas de quase 120 mil hectares de lavouras. Esses são só exemplos de como a produção agrícola brasileira, responsável por cerca de 22% do PIB nacional, está sujeita às intempéries do clima. E esta é só uma das pressões vivenciadas por quem atua nesse importante setor da economia.
Fato é que as dificuldades fazem a tecnologia avançar. Segundo o estudo mais recente do Distrito Agtech Mining Report, os investimentos em startups que atuam no agronegócio no Brasil ultrapassaram a barreira de US$ 160 milhões, somando aportes feitos desde 2009. Mais da metade desse valor circulou entre 2017 e 2020, segundo o estudo. E o ano de 2020 bateu recorde de investimentos no setor, com US$ 67,3 milhões aportados ao longo de 18 rodadas.
Mesmo assim, o estudo também faz um alerta importante: a maior parte das rodadas de investimento, cerca de 40%, está concentrada no estágio Seed, ou seja, em fase de amadurecimento.
Por que isso acontece?
Há algumas possíveis explicações. De um lado, muitas iniciativas de inovação no agro esbarram em questões de infraestrutura, especialmente de conectividade. Quer um exemplo? Pois dados do IBGE apontam que mais de 70% das propriedades rurais brasileiras não têm acesso à internet. A maioria é de pequenas produções, ou seja, representam a agricultura familiar do Brasil.
Para os cerca de 30% que já superaram essa barreira, em geral grandes produções, o gargalo é outro: há muita tecnologia de ponta disponível, mas essas ferramentas atuam de forma isolada, não se conectam em uma solução que disponibiliza todo potencial dos dados para tomada de decisão no campo.
Ou seja, mesmo onde há disponibilidade de tecnologia, a transformação digital, de forma geral, ainda não se tornou realidade.
Luciano Mantelli, hacker e fundador da FOURGE, explica: “Já existe no mercado a melhor tecnologia para georreferenciamento, a melhor pra monitoramento por drone, a melhor pra adubação, a melhor pra agricultura de precisão, mas pouca coisa que faça tudo isso conversar, criando soluções completas para melhorar a produção e, assim, a vida humana como um todo. Afinal, todo mundo depende do agro.”
Como, então, mudar esse cenário?
Um dos caminhos é apostar na inovação aberta, que permite um formato mais colaborativo e que acelera a busca por soluções. Trata-se de um modelo que se destina não só para quem é grande, mas também para que a pequena produção amplie as oportunidades e a escala da agricultura familiar no País.
A inovação aberta é a proposta do Espaço Impulso, criado pelo Parque Tecnológico Itaipu - Brasil, a Coopavel e o Exohub - com quem a FOURGE tem uma parceria estratégica nos projetos de aceleração de negócios. A iniciativa faz parte do Programa Transforma Agro e funciona dentro do parque tecnológico, na região Oeste do Paraná. Ela opera como uma fazenda digital permanente na qual startups, empresas e universidades poderão testar e validar soluções para as demandas do cooperativismo e do agronegócio.
É fundamental lembrar: para que a transformação aconteça, o agro precisa passar, também, por uma mudança de mentalidade. É necessário resgatar o propósito de cada empreendimento e compreender qual a dor que ele resolve no mundo. Somente assim será possível ir além do lucro a qualquer custo, ajudando a endereçar um dos maiores problemas atuais da humanidade: a disponibilidade de alimentos.
Quer ajuda para transformar o agronegócio? Conte com a gente!
Entre em contato Leia também:
Por que a inovação aberta é a ideal pros dias de hoje Descrição da imagem: card único em tons de verde, trazendo diversos elementos como uma mulher, um globo terrestre, uma fazenda, com a frase “Por uma transformação digital que alimente o mundo.” #ambienteainovacao
Comments