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Futuro desejável da Saúde começa a virar o presente

Transformação que comecei a sonhar lá em 2018 já pode ser materializada e nos permite olhar agora para uma sociedade com mais qualidade de vida


Por Luciano Luis Mantelli


Em 2018 eu tive acesso a um estudo que me inspirou a construir as bases para a criação de um futuro desejável na Saúde. Esse estudo apontava quatro possíveis cenários para o cuidado a partir da evolução exponencial das tecnologias digitais. Coloquei meu foco sobre um deles: a tecnologia como apoiadora do desenvolvimento do autocuidado assistido, um conceito que promove mais consciência nas pessoas sobre sua própria saúde e, assim, uma sociedade com mais qualidade de vida.


Antes de falar sobre como essa mudança está acontecendo exatamente agora, quero retomar aqui o entendimento sobre o que são futuros desejáveis. Trata-se de uma ideia que tem como objetivo desenvolver metodologias e discussões que suscitam modelos disruptivos de negócios, sociedade e estilo de vida. Tem bases fundamentadas em uma poderosa frase de Peter Drucker, professor, escritor, filósofo e pai da administração moderna: "a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo". 


No Brasil, a futurista Lala Deheinzelin é uma das principais especialistas no conceito. Ela diz que “ao falar sobre futuro, já estamos começando a criá-lo”, e nos faz uma pergunta provocativa: “Se tudo fosse possível, que futuro você desejaria?”


Eu mudei essa pergunta para “qual o futuro desejável para a Saúde?” 


Fiz isso porque a forma como o setor se organiza no Brasil sempre me causou incômodo. Tudo foi construído sobre bases insustentáveis, a começar pelo foco das organizações no tratamento de doenças. Isso significa dizer que, no sistema privado, a pessoa paga por um plano para garantir o acesso a consultas, exames e internações em hospitais que, por sua vez, recebem pela quantidade de serviços que prestam. E esse plano só é usado quando aparecem os primeiros sintomas de uma doença que já se instalou ou, no máximo, para fazer um checkup e procurar por ela. No SUS, embora haja uma lógica mais preventiva na teoria, ela é ainda pouco explorada e bastante deficitária.


Somado a isso, há o fato de que pela forma como o sistema foi forjado, se algo é bom para um lado, é ruim para o outro. Enquanto a doença é sinônimo de faturamento para o hospital, é custo pra operadora. E quem precisa do cuidado, que hora é tratado como paciente, hora como beneficiário, mas dificilmente como pessoa, fica esquecido em todo esse processo que visa somente o lucro.


As novas tecnologias são a nossa principal ferramenta pra reverter essa lógica e criar novos modelos de gestão e negócio na Saúde. Elas nos ajudam a construir um sistema do zero, usando como base conceitos de medicina preventiva e preditiva. Esses conceitos englobam uma série de iniciativas que trazem um olhar voltado para o bem-estar e qualidade de vida das pessoas. E uma das formas mais eficazes de fazer tudo isso na prática são os Programas de Atenção Primária à Saúde.


A ideia por trás de ações desse tipo é monitorar a saúde das pessoas e entregar um cuidado que antecede à doença ou possíveis tratamentos. É um modelo que leva a prestação do serviço ao seu cerne. A saúde passa, então, a ser core business na organização, e é preciso trabalhá-la na sua amplitude. 


Para migrar para esse modelo de atuação, precisamos entender que  prevenção e predição não são apêndices. Eles são a essência do existir da organização de Saúde, e seu modelo assistencial precisa advir dessa ideia. Os conceitos se tornam, então, o próprio modelo assistencial, que passa a ser mais amplo, longitudinal. Entende-se que o formato antigo de tratar a doença não deixa de existir, mas se expande, englobando outros aspectos da qualidade de vida e do bem-estar humano. 


Nesse sentido, há também uma questão tecnológica: quanto maior a personalização, mais complexa se torna a realização de um acompanhamento eficiente quando baseado apenas na capacidade humana. Não é à toa que nosso modelo assistencial atual ainda é assim, em sua maioria. Precisamos entender que lá atrás, sem tecnologia, era inviável cuidar das pessoas com personalização e gestão ativa do cuidado. Imaginem como dar escala a um modelo que exige tantos dados, agendas, apoio ao dia a dia de cada pessoa, sem a tecnologia que temos hoje disponível?


Assim, investimentos inteligentes em tecnologia se tornam fundamentais para amparar essa mudança de paradigmas. 


Mas não é a tecnologia pela tecnologia, nem embarcar no hype do momento só porque todo mundo está investindo nisso ou naquilo. É fundamental entender o papel das tecnologias no negócio e promover a transformação a partir dessas possibilidades, levando escala a esse novo modelo assistencial focado em saúde.


Tudo isso está acontecendo exatamente agora, dentro de uma grande operadora de Saúde brasileira e com a condução da FOURGE, por meio da nossa vertical que une tecnologia e negócios, a FOURGE Tech. Trata-se de um projeto pioneiro, que une gente que, lá em 2018, já discutia comigo a melhor forma de construir o futuro desejável da Saúde. 


Embora a gente tenha mantido alguns conceitos daquela época, muita coisa nos surpreendeu nesse caminho de colocar em prática o que antes era apenas uma maquete - ou posso dizer um sonho? Afinal… 


⁠"Sonho que se sonha só

É só um sonho que se sonha só

Mas sonho que se sonha junto é realidade"

Prelúdio, Raul Seixas


E como me enche de orgulho testemunhar essa realidade na Saúde!


*Luciano Luis Mantelli nasceu no berço da agricultura familiar do Rio Grande do Sul, é pai, esposo, multiempreendedor e hacker. É sócio fundador da FOURGE, que atua em cinco verticais: modelos de gestão, modelos de negócio, gestão da inovação e os braços FOURGE Tech (focado em tecnologia e negócios) e Zhero (especializada em colocar a ciência de dados no centro dos negócios). Em paralelo, está também à frente da Escola Yellow, com foco em educar crianças para melhorar o mundo.






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